Vida de Menino

Um dia o menino saiu sorrindo da escura toca mater em busca da luz solar

Encontrou o amor

Achou brinquedos

Se perdeu

Descobriu também nuvens fora do abrigo

Perdeu brinquedos

Encontrou amigos

Achou uma maçã

O menino jovem e grimpante crescia livre

Encontrou sensações novas

Achou que sabia tudo

Perdeu um capítulo

Se perdeu

Achou carinho

Encontrou tristezas

Encontrou amores

Achou que achou a felicidade

Perdeu a cabeça

Agora, já um homem o jovem menino brilha no escuro

Esqueceu o caminho da toca

Não quer mais achar

Aprendeu a se encontrar

                                                                                                     - Por Vini

SONHOS DE UM DIA DE VERÃO

O carnaval acabou para quem não sabe sonhar

Sempre teremos o sol, sempre o mar

Há também a alegria da companhia de um amor

Quem não tem já sonhou!

Agora o ano começa, somente pros trabalhadores

Pros “vivedores” o ano começa nas festas de fim de ano

Carnaval também é TV, ar condicionado e flores

Ter prazer sem planos!

Quem quiser tire sua fantasia de carnaval

Há os que preferem viver sem máscaras e fantasiar sempre

Até que a brisa suave se torne vendaval

É concedido o aval legítimo de se ver contente

Enquanto houver um céu azul atrás da montanha

Até quando existir o som do mar

Enquanto o sol desenhar sombras estranhas

E até quando a música tocar

O perfume da maresia

O calor de uma boa companhia

O ar condicionado gelado do cinema

E agora um improvisado poema

Saborear um sorvete

Sorver um chope gelado

Sombra no Catete

E dormir pelado

Mesmo com spray de pimenta no boi tolo

Ainda com cacete no Tecnobloco

Vamos cuspir a cerveja patrocinada

Vamos ser feliz rapaziada!

A lua vai sorrir e encher de novo

Mais festas para o povo

O tilintar do ano vai nos brindar

É preciso, vamos sonhar!

NÃO DEIXE MUDO O SEU VIOLÃO

Quando não restar mais tinta na caneta, tente escrever com um pedaço de carvão.
Quando as cordas do violão arrebentarem, componha um samba de uma nota só.
Quando as palavras do poeta se sufocarem, liberte o silencioso pensamento.

Há sempre quem leia o que não foi escrito.
Quem ouça o que não foi dito.
Há sempre o grito.
O sussurro.
O murro no espelho.
A hora das asas arrebentarem o casulo!

Há sempre quem perceba o carneiro nas nuvens.
Uma boca molhada esperando pra dizer o que você já sabe.
A melodia inédita.
O buraco no coração a ser preenchido.
O mar depois da areia...

Há sempre uma camisa velha querendo ser um novo pano de chão.
Há sempre um chão querendo nos impedir de voar.
Há sempre muito mais ar!

Se faltar argila, amasse um pedaço de papel.
Se faltar alegria, compartilhe a graça da sua dor.
Se não existem mais histórias faça uma mímica.

Quando faltar emoção, simplesmente deixe as pálpebras cobrirem seus os olhos.

                                                                                                                  Por Vini

A menina longe

A menina que mora longe tem os olhos brilhantes.
Tem a fala doce que se vai enfraquecendo.

A menina que mora longe tem um sorriso divertido.
Uma gargalhada melancólica e distante.

A menina que mora longe tem fragrância de prazer.
É dona de uma beleza impressionista, apreciada por muitos mas valorizada por muito poucos.

A menina que mora longe tem olhos hipnotizantes.
Pálpebras que piscam suavemente se despedindo.

A menina que mora longe não diz mais olá.
Murmura um "até breve", baixinho.

A menina que está longe acha que sabe o que quer.
Mas eu sei que não sabe!

Longe mora essa menina...
Mas bem mais longe de onde ela mora, olhando lá da lua, estamos juntinhos.
Sempre.

                                                               Por Vini

Folhas da imaginação

O infinito dentro do quarto soprava o ar gelado da noite.
Boas lembranças bailavam nos pensamentos, como as folhas ao vento nos outonos.
Música, paladar e outras sensações faziam aqueles sonhos parecerem possíveis.
E o possível sempre pode acontecer!
                                                                                                                   Por Vini

Outono de tarde

Domingo
Cores de outono
Cidade de inesgotável beleza
Passeio pela orla
Brisa fria
Conforto no carinho suave dos raios do sol
Cores de outono, sempre lindas
Copa
Turistas alegres em Ipa
Deboche do menino de rua
Sorriso da amiga bonita
Showzinho no calçadão divertido
Improvável alongamento coletivo
Pacifistas entoando mantras a beira mar
Uma versão em espanhol homenageia os hermanos
Planos
Palpites sobre o placar
Aos poucos luz e cores se extinguem
A visão dá lugar a outros sentidos
Outros sentimentos
Vem a noite
                                                               Por Vini

Sussurro do dia

Surge o primeiro cochicho dos pássaros
Ébrios cambaleiam na rota de casa
Uma última gargalhada feminina ao fundo
Um copo quebrado
Felicidade no peito dos que iniciaram novas aventuras amorosas
Felicidade nos seios das que abraçaram o prazer do sexo
Possibilidade do encontro com a ressaca
Músculos cansados incomodam menos que outras feridas mais dolorosas
Sempre muita esperança em conquistar seu pleito
Desejo da cama, por vezes ingrata
                                                                                                     Por Vini